Todo blog tem um {{ou bem mais que um}} concorrente, isso é um fato. E embora não pareça, à primeira vista, um fato muito animador, é possível fazer da questão um ponto positivo. É comum que os blogueiros iniciem seus blogs preocupados com algumas questões, digamos, mais práticas. Em geral, corre o autor atrás de:
- Plataforma {{WordPress ou Blogger?!}}
- Nicho {{O blog vai falar do quê?!}}
- Template {{uma coluna ou duas colunas?!}}
- Layout {{cores, fontes, widgets, etc.}}
- Divulgação {{alguém precisa ler o blog, certo?!}}
- Monetização {{o velho sonho da sombra e água fresca}}
Embora sejam todos os itens acima listados de suma importância na hora de se conquistar certo prestígio na blogosfera, a maior parte dos blogueiros parece não se atentar para aquilo que escreve. Muito se fala em pesquisar, conversar sobre o tema a ser escrito, apurar o texto atentar-se ao português. Contudo parece não ocorrer que um estilo de linguagem pode ser algo tão importante quanto um agregador de conteúdos {{não acredite em mim}}. Um bom estilo de linguagem pode ser o diferencial que você precisa para que um leitor se fidelize e passe a visitar o teu blog e não outro. Quando alguém lê um texto de Machado de Assis tem claro e óbivo que está diante do texto de Machado de Assis. Não é possível, para um leitor familiarizado, ler a introdução de Memórias Póstumas de Brás Cubas e ter alguma dúvida de que se trata de um autor irônico, satírico entre outras características dos textos machadianos. Da mesma forma um leitor que conheça os diferentes heterônimos de Fernando Pessoa, jamais confundirá Alberto Caieiro com Álvaro de Campos. Um poema de Pablo Neruda não será confundido jamais com um poema de Gilberto Gil. Embora seja essencial que busquemos a qualidade de autores consagrados, é bastante provável que jamais alcancemos tal excelência na qualidade do texto. Contudo, não é preciso ter a qualidade destes autores para se alcançar um estilo tão próprio quanto o deles.
Mas, seu Caipira, como raios eu faço pra ter esse trem de linguagem?!
A dica mais fácil é também a mais demorada. Leia, leia muito, leia mais. É claro que ninguém espera que você termine este post e corra para uma biblioteca, permanecendo lá até que baixe em sua cabeça um manual de estilo de escrita {{embora seja divertido imaginar que alguém pudesse sair feito um maluco para fazer isso…}}, no entanto ler é a maneira mais eficaz de aprender e conquistar um estilo.
Há outras formas:
- Imagine o blog como um livro do autor
Ao fazer isso você provavelmente pensará em objetivos como: público alvo; objetivo do livro; história que será contada nele; maneira como você irá contar a história do livro. Quando pegamos uma história como Chapeuzinho Vermelho podemos contar da maneira usual:
Uma menina recebe da mãe a ordem de levar doces para sua avó. Encontra um lobo mal que a ataca e, ao final, acaba salva pelo Caçador bonzinho.
Ou podemos contar a mesma história da seguinte forma:
Era uma vez uma menina. Num belo dia de Sol, onde as nuvens não ousavam aparecer, a menina recebe da mãe um pedido choroso para que levasse doces à sua avó. Ela sai pela floresta, enfrenta diversos desafios e chega até a casa de sua avó onde percebe a presença maligna de um lobo mal. Corajosamente a menina pega seu ipad e manda uma DM para o Twitter do caçador. Ele rapidamente recebe, pois usa o TweetDeck e recebe as mensagens em tempo real, e corre para salvar a corajosa menina!
Embora seja a mesma história {{uma menina que vai visitar a avó, encontra um lobo mal e posteriormente é salva por um caçador}} elas estão contadas de um modo completamente diferente. A primeira versão busca apenas dar a informação daquilo que precisa ser contado, enquanto a segunda versão atualiza e dá um tom mais informal e divertido à mesma história. Creio que, tratando-se de um blog, a primeira história seria lida e somente a história ficaria na memória do leitor, enquanto na segunda versão provavelmente o leitor se interessaria por conhecer mais o blog onde acabou de ler. Falarei, nos próximos posts de como criar e conquistar um estilo único, até lá, deixo a reflexão abaixo:
Você pode criar um blog e escrever sem se preocupar com a linguagem, mas a chance do leitor se esquecer de onde tirou a informação é bem maior…
Olá, Caipira!
Bacana seu ponto de vista sobre este assunto.
Escrevi há alguns meses um artigo que vai ao encontro do que você trata no artigo: http://drconteudo.com.br/2011/01/webwriting-qual-e-o-seu-estilo-de-escrita/
Um abraço,
Newton
Oi Ana!
Que bom que você tem paciência para mim até aqui!! Rsrs… Escrever é sempre um desafio… eu mesmo escrevo e reescrevo umas 8 mil vezes antes de publicar… acho que a insegurança faz parte, ainda que tenhamos prática…
Abção
Olá Caipira,
Interessantissímo o seu artigo. Realmente ter um estilo próprio ao escrevermos nossos textos, ajuda muito a se destacar.
Obrigado pela lição.
Obrigado Celso!
Pois é, além de ajudar a se destacar traz credibilidade ao texto…
Abços
Boa dica Caipira! Para os novatos que pensam que é só criar um blog, encher de quibes e ganhar dinheiro é um bom incentivo a repensar seus conceitos.
🙂
Não é só novato não, Vivi…
Tem muito blogueiro consagrado que não tem estilo próprio… Gente com bastante acesso que se tirar o nome do final {{ou começo}} do post, ninguém sabe quem escreveu…
Oi
Uma bela estreia sr. caipira, rs
Este tema é muito importante quando se pensa em criar uma identidade na blogosfera, podemos falar até dos mesmos assuntos, mas nosso estilo é que fará a diferença entre um texto e outro. A linguagem é tão rica, permite tantos recursos, mas temos as vezes medo de ariscar com medo de errar ou não ser bem sucedido.
Talvez seja mais fácil aprender a escrever certo (de acordo com as regras gramaticais) do que escrever bem (escrever numa linguagem atraente para o leitor), nos dois casos é preciso estudo, treino e muita leitura, mas as pessoas não acreditam que precisa tanto esforço para blogar, talvez nem precise mesmo se você tiver facilidade e talento para a escrita.
Pra mim escrever é um desafio diário, sempre acho que não está bom o suficiente, mesmo depois de ler e reler, percebo erros que poderiam ser evitados, por isso que blogar também é um exercício de paciência, mas parece que ninguém anda querendo perder tempo com isso, me sinto remando contra maré buscando o aperfeiçoamento da linguagem e da escrita enquanto a maioria dos leitores preferem uma leitura rasa e fácil, quase coloquial, as vezes até me rendo também muitas vezes por cansaço, preguiça ou desleixo.
Um Abraço
@anakint